Quando você bate o olho no Ford Pinto, a primeira coisa que pode pensar é que ele é tipo um Maverick que levou um “corte de cabelo” bem radical na traseira. Isso até poderia render a ele o apelido de “Codorna” aqui no Brasil, assim como os fãs do Chevrolet Chevette Hatch carinhosamente chamam a versão mais compacta e esquisita do modelo. Mas, a história do nome “Pinto” é bem mais nobre: é uma homenagem à pelagem dos cavalos mustang, com essas manchas marrons e brancas que são a cara dos selvagens americanos. Portanto, nada de besteira; o nome é por causa de um bicho bonito, e não por nenhum motivo estranho!
Se o Pinto tivesse desembarcado por aqui, quem sabe a Ford não teria que mudar seu nome para evitar situações constrangedoras? Mas, mesmo com um design que gera controvérsias e algumas falhas na ficha técnica, o Pinto fez bonito nas vendas e se tornou um verdadeiro ícone dos carros compactos na década de 70. Então, vamos mergulhar na história desse modelo que, apesar do sucesso, esteve sempre envolto em polêmicas!
Concorrência que atrai
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O Ford Pinto deu o ar da graça em 1971, num momento em que a Ford estava no combate contra as marcas japonesas como Toyota, Honda e Datsun e também enfrentando os europeus, como a Volkswagen. Esses carros compactos estavam chamando atenção no mercado americano, até então dominado por monstros como o Chevrolet Impala e o Ford Galaxy que bebiam gasolina que nem água!
A Ford respondeu a essa demanda de carros menores, econômicos e com preço mais em conta, lançando o Pinto. A versão inicial, o Sedan de duas portas, saía por cerca de US$ 1.850, ou seja, em torno de R$ 9.600 na conversão direta, o que fez a alegria de muitos que estavam atrás de um carro mais em conta. O motor do Pinto, um Ford Kent com quatro cilindros, tinha opções de 1.6 e 2.0 litros, com desempenho que atendia bem as expectativas da época.
Pouco depois, a Ford lançou a versão Runabout de três portas, que parecia um verdadeiro hatch com seu design descolado. E em 1972, a versão Station Wagon surgiu para dar mais opções aos consumidores. E olha só: só no primeiro ano o Pinto vendeu 352.402 unidades – um sucesso de vendas total!
E o sucesso não parou por aí! Em 1974, a Ford trouxe uma nova versão com motor OHC 2,3 litros, e no ano seguinte, adicionou uma opção com motor V6. O Pinto continuou mudando de cara, e em 1975 surgiu a versão Mercury Bobcat, que oferecia acabamentos mais finos e um visual mais sofisticado.
Incêndios no Pinto: uma história amarga
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Mas vamos lá: apesar de todo seu charme e vendas bombásticas, o Ford Pinto ficou famoso por conta de um problemão de segurança. A traseira curtinha causava uma situação arriscada: o tanque de combustível ficava muito juntinho do parachoque traseiro. Isso resultava em um baita risco de incêndio ou explosão se alguém batesse na traseira – e isso poderia acontecer até em batidas leves. E adivinha? A Ford sabia do rolo, mas não fez nada para corrigir, porque o tempo estava apertado e o custo de fazer as mudanças era elevado.
A escolha da Ford de não resolver essa questão acabou virando uma das maiores polêmicas da história do setor. Embora o Pinto tenha sido projetado e lançado num piscar de olhos, a empresa preferiu manter o carro na rua mesmo ciente dos perigos. Isso levou a vários acidentes fatais, um dos mais tristes foi o da motorista Lilly Gray, que perdeu a vida em 1972 quando seu Pinto pegou fogo após uma leve batida traseira.
O caso de Lilly Gray foi um verdadeiro divisor de águas. Em 1981, a Ford teve que desembolsar US$ 3,5 milhões para a família da vítima, uma quantia considerável para a época. E, infelizmente, esse caso foi só a ponta do iceberg. O número de mortes e os danos causados por incêndios no Pinto geraram um escândalo e ele se tornou um símbolo de negligência na indústria automobilística, sendo tema de diversos livros, artigos e estudos sobre ética nas empresas.
Os desdobramentos: processos e recalls
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Com a pressão da opinião pública e o aumento dos acidentes, a Ford não teve escolha e fez um recall em 1978, convocando mais de 1,5 milhões de carros Pinto, nas versões Sedan e Runabout, para corrigir falhas no tanque de combustível. Esse recall foi um marco, sendo o maior já realizado até então e gerando um barulho danado na mídia.
Porém, o escândalo do Pinto gerou uma gama de processos judiciais, e muitos entraram em dúvida sobre como uma gigante do setor automotivo poderia ter tamanho deslize em segurança. Vários artigos acadêmicos e livros discutiram o que ficou conhecido como o “dilema do Pinto”: por que a Ford preferiu ignorar um problema tão sério, mesmo sabendo dos riscos? O caso se tornou uma lição sobre ética empresarial e a importância de priorizar a segurança do consumidor acima de questões financeiras e cronogramas.
O legado do Ford Pinto
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E mesmo com suas falhas, o Ford Pinto fez sucesso nas vendas, passando da marca de 3 milhões de unidades durante seus 9 anos de fabricação. A Ford, mesmo com a soma de coisas erradas que o modelo trouxe, soube posicionar o Pinto como um carro acessível, prático e econômico, perfeito para os consumidores da época. E embora o Pinto tenha deixado de ser fabricado em 1980, sua história ainda é assunto até hoje, sejam os pontos positivos ou os erros cometidos pela Ford durante sua produção.
O Ford Pinto é um marco de uma era de transformações no mercado de automóveis. Ele foi a resposta da Ford ao crescimento dos carros compactos nos EUA, trazendo inovação no design e no preço. Contudo, o legado do Pinto é um lembrete da importância da segurança nos veículos, uma questão que, infelizmente, foi deixada de lado em prol da pressa e da economia.
Então, quando você pensar no Ford Pinto, lembre-se não apenas de um carro curioso, mas de uma saga de falhas, aprendizados e consequências que moldaram o mundo dos carros para sempre.
Conclusão: aprendizados com o Pinto
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O Ford Pinto é um exemplo perfeito de como um sucesso de vendas e um design inovador podem ser cobertos por problemas graves de segurança. Seu nome curioso, suas características estranhas e os problemas de incêndios fazem dele um dos modelos mais polêmicos da história automotiva. Porém, a história do Pinto nos ensina lições importantes sobre ética corporativa, segurança no desenvolvimento de veículos e a necessidade de priorizar a vida humana acima de lucro e prazos curtíssimos.
Se o Pinto tivesse sido projetado com mais cuidado e atenção, talvez fosse lembrado apenas por suas grandes inovações e sucessos. Mas, em vez disso, sua história é marcada por um erro que poderia ter sido evitado. Hoje, o Ford Pinto é mais do que apenas um carro; ele é um símbolo de como um pequeno deslize pode ter repercussões enormes, afetando a reputação de uma marca e a vida das pessoas.
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