Quando você pensa em um carro de luxo brasileiro das décadas de 60, 70 e 80, não tem como não lembrar do Ford Galaxie. Ele não era só um carro, mas sim um verdadeiro símbolo de status, poder e conforto, e até de presidência da república. Poucos modelos nacionais têm uma história tão marcante quanto esse sedã voluminoso, que nasceu de um projeto americano e chegou ao Brasil para conquistar desde empresários até políticos influentes.

Neste artigo, vamos explorar a fundo a história completa do Ford Galaxie, desde sua chegada ao Brasil, passando pelas versões especiais e pelos motores que vieram até de caminhões, até sua saída de cena no começo dos anos 80.

Prepare-se para uma viagem no tempo recheada de detalhes sobre esse verdadeiro ícone da indústria automobilística nacional!


A origem americana e a chegada ao Brasil

O Ford Galaxie nasceu nos EUA em 1959, em um momento em que a indústria automobilística americana estava bombando com carros grandes, confortáveis e imponentes. A ideia era fácil de entender: oferecer um sedã luxuoso, com espaço para toda a família, motores poderosos e um acabamento de fazer qualquer concorrente passar vergonha.

No Brasil, a estreia rolou em 1966, durante o V Salão do Automóvel de São Paulo, mas as vendas só começaram mesmo em 1967. E adivinha? Era o primeiro carro de passeio produzido pela Ford por aqui, tornando o modelo ainda mais emblemático.

Enquanto rivais como o Chevrolet Opala, Dodge Dart It is Alfa Romeo 2300 tentavam se inserir no mercado, o Galaxie já era visto como o “top das galáxias”, uma frase que a Ford usava em suas propagandas.


Sucesso imediato: vendas e publicidade de impacto

Imagem: Reprodução

O launch foi um verdadeiro estouro! Só no primeiro ano, mais de 11 mil unidades foram vendidas. Para a época, isso era um número e tanto e ajudou a Ford a se firmar como uma marca poderosa no mercado nacional.

Não demorou muito para a Ford lançar campanhas publicitárias que destacavam as vantagens do modelo. Uma das mais memoráveis foi o “Galaxie: Primeira Primavera”, onde eles mostravam o ar-condicionado, um luxo raríssimo nos anos 60.

Esse opcional, que estava disponível apenas no Galaxie 500, custava uma verdadeira fortuna — cerca de R$ 15 mil ajustados para os dias de hoje, o que equivale a quase um carro popular da época!


O motor de caminhão: V8 Y-block 272

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Um dos aspectos mais curiosos do Galaxie é que ele trouxe um motor que era originalmente projetado para caminhões Ford Série F, como os F-600 It is F-350.

Estamos falando do V8 Y-block 272 4.5 litros, que conseguia entregar 164 cv. Embora não fosse um velocista, ele tinha a força necessária para fazer aquele sedã de mais de 1.700 kg rodar suave pelas estradas.

Esse detalhe continua encantando colecionadores até hoje: dirigir um carro de passeio equipado com o mesmo motor que movia caminhões Ford que cruzavam o Brasil é uma experiência única!


Conforto e espaço interno

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Se tem uma coisa que o Galaxie fez questão de exibir, foi o comfort. O modelo oferecia um banco dianteiro inteiriço, permitindo que até três pessoas sentassem na frente com espaço de sobra. E isso só rolava porque o câmbio manual de três marchas ficava na coluna de direção, liberando espaço no assoalho.

A parte de trás? Um espetáculo! Com 3 metros de entre-eixos, até quem sentasse no assento central se sentia confortável. A ergonomia foi pensada em cada detalhe: dos quebra-ventos acionados por manivelas ao acabamento luxuoso em carpete bouclê.

Além disso, o carro tinha um diferencial que o colocava na frente dos rivais: a direção hidráulica. Naquela época, poucos carros brasileiros ofereciam esse recurso, que facilitava a condução de um sedan com mais de 5 metros de comprimento.


Galaxie 500 azul Infinito: o exemplar da matéria

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Um exemplar raro e lindo é o Galaxie 500 1967 na cor Azul Infinito, que atualmente está à venda no mercado de clássicos por R$ 220 mil. O carro impressiona por estar em excelente estado, com tapeçaria nova no padrão original e uma mecânica impecável.

Curiosamente, esse valor é o mesmo de uma Ford Maverick Black zero quilômetro hoje. Mas, ao invés de ter um carrão moderno, você estaria com um pedacinho da história sobre rodas, que continua atraindo olhares e relembrando memórias.


As versões e evoluções do Galaxie no Brasil

Durante sua jornada no mercado brasileiro, o Galaxie passou por várias versões e evoluções, sempre buscando conquistar públicos diferentes.

Galaxie 500 (1967)

Foi a primeira versão vendida no Brasil, equipada com o motor Y-block 272. Não era só luxuoso e espaçoso, mas também trouxe inovações como ar-condicionado e direção hidráulica.

Galaxie LTD (1969)

A versão mais sofisticada, que vinha com teto de vinil, acabamento superior, ar-condicionado e a estreia do câmbio automático no Brasil, conhecido na época como hidramático. Ele contava com o motor V8 292 4.8 litros in 190 cv.

Galaxie Standard (1970)

A versão mais simples, feita para competir com o Chevrolet Opala and the Dodge Dart. Essa vinha sem direção hidráulica, rádio, ar-condicionado, carpete ou pneus faixa branca, mas mantinha o mesmo motor V8 292 in 190 cv.

LTD Landau (1971)

O auge do luxo. Vinha com detalhes de jacarandá, teto de vinil exclusivo, vigia traseira menor e até um enfeite inspirados em carruagens Landau.

Linha 1976

Nessa linha, o Galaxie se dividiu em três versões:

Todos receberam o novo motor 302 V8 4.9 litros, o mesmo do Ford Maverick, entregando 199 cv.

Série Especial SE (1979)

Para comemorar os 60 anos da Ford no Brasil, foi lançada uma edição especial SE, na cor vermelha Scala metálica, com apenas 300 unidades produzidas.


O carro dos presidentes

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O Ford Galaxie não era só o carro da elite empresarial, mas também dos presidentes do Brasil.

  • Juscelino Kubitschek, ex-presidente, teve um Galaxie LTD 1974 vermelho vinho, onde costumava relaxar no banco de trás durante as viagens.
  • O Landau, versão topo de linha, foi adotado como carro oficial da presidência.
  • Em 1980, a Ford entregou um Landau a álcool ao presidente João Figueiredo, para incentivar o uso do novo combustível brasileiro.

Esses detalhes reforçaram ainda mais a imagem do Galaxie como símbolo de poder e sofisticação.


O fim de uma era

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Apesar de toda a fama, o Galaxie começou a perder popularidade no início dos anos 80. O mercado começava a pedir carros menores, mais econômicos e modernos.

Em 1983, o último Galaxie Landau saiu da linha de montagem em São Bernardo do Campo (SP), marcando o fim de uma era. Para ocupar seu lugar, a Ford lançou o Del Rey, que nunca conseguiu alcançar o mesmo prestígio.


Por que o Galaxie ainda é tão valorizado?

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Decadas após o fim da produção, o Galaxie continua sendo um dos carros clássicos mais desejados do Brasil. Veja alguns motivos para essa valorização:

  • História presidencial: foi o carro oficial da república.
  • Design imponente: com mais de 5 metros, ainda chama atenção onde quer que vá.
  • Conforto inigualável: até hoje, impressiona pelo espaço interno.
  • Motores V8: tanto o Y-block quanto o 302 são lendários.
  • Valor de coleção: unidades em bom estado facilmente superam os R$ 200 mil.

Conclusion

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O Ford Galaxie não foi apenas um carro; ele representou um símbolo de status, luxo e poder num tempo em que o Brasil começava a industrializar-se e sonhar com modernidade. Desde o motor de truck até seu papel como carro presidencial, esse sedã deixou sua marca na história do país de forma única.

Se você tiver a chance de ver ou até dirigir um Galaxie hoje em dia, lembre-se: não é apenas um passeio, é uma viagem no tempo que conecta passado, cultura e paixão sobre rodas.

Em 2025, ele continuará a ser um dos clássicos mais cobiçados do Brasil, e cada exemplar preservado é um verdadeiro tesouro da indústria automotiva nacional.

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