A Fábrica Nacional de Motores (FNM), fundada em 1942, foi pioneira na fabricação de veículos no Brasil, marcando uma nova era no desenvolvimento industrial do país. Situada em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, a empresa teve início durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo inicial de produzir motores de avião. Porém, após a guerra, com a estrutura ociosa, o governo decidiu direcionar a produção para caminhões, em parceria inicialmente com a Isotta-Fraschini da Itália, e depois, mais notavelmente, com a Alfa Romeo.
Os caminhões FNM, apelidados de “Fenemês”, se tornaram um símbolo de robustez, durabilidade, e eficiência no transporte de cargas, contribuindo significativamente para a infraestrutura brasileira e o desenvolvimento econômico. O primeiro modelo de caminhão, o FNM D-7300, introduziu no país o motor a diesel, diferenciando-se dos predominantes modelos a gasolina de origem norte-americana. A parceria com a Alfa Romeo trouxe avanços tecnológicos e modelos icônicos como o D-9500 e posteriormente o D-11000, este último conhecido por sua capacidade e inovações, apesar de desafios técnicos iniciais como o problema da “barriga d’água”.
Um aspecto notável da FNM foi a personalização de cabines, com empresas como Brasinca, Metro, e Drulla oferecendo opções personalizadas que atendiam às necessidades específicas dos transportadores, demonstrando uma versatilidade e adaptabilidade ao mercado brasileiro.
Contudo, diante do avanço tecnológico e da concorrência de marcas como Mercedes-Benz e Scania nas décadas de 60 e 70, a FNM teve desafios para modernizar sua linha de produção e manter sua posição no mercado. Em 1967, um passo significativo nesse sentido foi a aquisição completa da FNM pela Alfa Romeo, que modernizou a fábrica e lançou novos modelos. Contudo, o destino final da FNM foi selado quando, em 1974, a Fiat adquiriu uma parcela significativa da empresa, assumindo completamente o controle em 1976 e renomeando a empresa para Fiat Diesel em 1977, encerrando a produção de caminhões sob a marca FNM em 1985.
Os caminhões FNM representaram não somente marcos na industrialização automotiva brasileira mas também desempenharam um papel crucial nas obras de infraestrutura e no transporte de cargas pelo país. Hoje, esses caminhões são considerados peças de colecionador, sendo valorizados por sua robustez e importância histórica. A trajetória da FNM é uma história de inovação, pioneirismo, e superação, simbolizando uma fase significativa na evolução industrial e econômica do Brasil.
Se você é um apaixonado por veículos e história, certamente vai se impressionar com a trajetória da Fábrica Nacional de Motores (FNM), a primeira fabricante de veículos no Brasil. Fundada em 1942, a FNM iniciou a produção de caminhões em 1949, marcando o começo de uma era de desenvolvimento industrial no país. Com uma forte conexão com a tecnologia italiana da Alfa Romeo, esses caminhões, conhecidos como “Fenemês”, foram fundamentais para moldar o transporte de cargas em um Brasil em transformação.
Neste artigo, você vai conhecer em detalhes como a FNM começou, sua evolução tecnológica, os desafios enfrentados e o impacto que seus caminhões tiveram no país.
O Nascimento da FNM
A história da FNM começou em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial. Criada pelo governo de Getúlio Vargas, a fábrica tinha como objetivo produzir motores de avião em parceria com a norte-americana Wright. Localizada no distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), a unidade iniciou suas operações em 1946, mas a guerra já havia acabado, deixando a fábrica com capacidade ociosa.
Foi então que, após muitos debates, o governo decidiu usar as instalações para fabricar caminhões. Em 1949, a FNM firmou parceria com a Isotta-Fraschini, uma empresa italiana que estava em declínio financeiro. O resultado foi o FNM D-7300, um caminhão robusto equipado com motor a diesel de seis cilindros e 7,3 litros, capaz de produzir 100 cv. Ele era diferente dos modelos norte-americanos a gasolina, que dominavam as estradas brasileiras, destacando-se pela durabilidade e eficiência.
A Era Alfa Romeo
A falência da Isotta-Fraschini interrompeu a produção do D-7300 após cerca de 200 unidades fabricadas. No entanto, em 1950, a Alfa Romeo assumiu a parceria com a FNM, trazendo novos modelos e modernizando a linha de produção. O primeiro fruto dessa colaboração foi o FNM D-9500, inspirado no Alfa 800 italiano, mas com ajustes para atender às demandas brasileiras.
Com um motor a diesel de 9,5 litros e 130 cv, o D-9500 tinha capacidade para transportar até 14 toneladas com reboque. Ele também introduziu freios pneumáticos e uma caixa de câmbio com oito marchas, oferecendo mais controle e segurança nas estradas.
A produção começou a se nacionalizar a partir de 1953, com componentes como pneus, radiadores e eixos sendo fabricados no Brasil. Em 1955, o índice de nacionalização chegou a 54%, e a FNM já superava marcas internacionais como Mercedes-Benz e Volvo em número de caminhões em circulação.
O Sucesso do D-11000
Em 1957, a FNM lançou o D-11000, que se tornou um verdadeiro ícone. Com um motor a diesel de 11 litros e 150 cv, o modelo era conhecido por sua resistência, capacidade de carga de até 18 toneladas com reboque e três opções de distância entre eixos. Além disso, sua cabine oferecia espaço para dois leitos em beliche, uma inovação que facilitava as longas viagens.
Apesar de todo o sucesso, o D-11000 enfrentou um problema técnico que lhe rendeu o apelido de “barriga d’água”. O bloco do motor apresentava porosidade, permitindo que o líquido de arrefecimento vazasse para o óleo, o que poderia causar danos graves. A fábrica rapidamente corrigiu o defeito, substituindo os motores e restaurando a confiança no modelo.
Cabines Personalizadas: Um Toque Brasileiro
Uma das características mais marcantes dos caminhões FNM era a possibilidade de personalizar as cabines. Embora a própria fábrica produzisse algumas, empresas como Brasinca, Metro e Drulla ofereciam opções com designs exclusivos. Essas cabines variavam em estilo, materiais e até na forma de abrir as portas.
Por exemplo, as cabines da Brasinca tinham um acabamento sofisticado, enquanto as da Metro inovavam com para-brisas basculantes para melhor ventilação. A diversidade de opções tornou os “Fenemês” ainda mais populares, adaptando-se às necessidades dos transportadores.
O Desafio da Modernização
Nos anos 1960, a FNM enfrentou novos desafios. Apesar de atingir 97% de nacionalização em seus caminhões, a marca começou a perder espaço para concorrentes como a Mercedes-Benz e a Scania, que ofereciam tecnologias mais avançadas.
Em 1967, a Alfa Romeo assumiu completamente a FNM, modernizando a linha de produção e introduzindo novos modelos, como o V-12, com capacidade de 15,2 toneladas, e o V-17, que trouxe a configuração de dois eixos direcionais para aumentar a capacidade sem violar as leis de peso.
O Fim de uma Era
Em 1974, a Fiat adquiriu 43% das ações da FNM, e dois anos depois, assumiu o controle completo. A sigla FNM continuou a aparecer nos novos modelos até 1977, quando a empresa foi renomeada para Fiat Diesel. A produção de caminhões continuou até 1985, encerrando uma história de 78 mil caminhões fabricados.
Legado e Relevância
Os caminhões FNM foram muito mais do que veículos utilitários. Eles representaram o início da industrialização automotiva brasileira e desempenharam um papel crucial no desenvolvimento do país. Seja nas obras de Brasília, na abertura de estradas como a Transamazônica, ou no transporte de cargas essenciais, os “Fenemês” foram verdadeiros heróis das estradas.
Hoje, esses caminhões são peças de colecionador, valorizados por sua história e robustez. Restaurados, podem alcançar preços altos no mercado, sendo um testemunho da importância da FNM para a identidade brasileira.
Conclusão
A história da FNM é um exemplo de como a inovação, mesmo em tempos de incerteza, pode transformar a economia e a infraestrutura de um país. Se você olhar para os “Fenemês” hoje, verá muito mais do que caminhões antigos — verá um símbolo de pioneirismo e superação. Então, da próxima vez que ouvir o ronco encorpado de um motor a diesel, lembre-se: foi a FNM que deu início a essa jornada nas estradas brasileiras.
Que tal compartilhar essa história com mais pessoas? Afinal, resgatar o passado é também uma forma de valorizar o futuro.